terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Ano novo, rumo traçado?

Olá a todos!

Ultrapassada a quadra natalícia e com o novo ano à porta, é tempo de falar no futuro.

No último texto falei-vos dos mais jovens e da sua importância para o projecto. Hoje é um bom dia para conversarmos como adultos.

Desde que surgiu a ideia de dar um fundo empresarial ao Criar Raízes, tenho desenvolvido esforços no sentido de procurar meios de negócio que sejam rentáveis e sobretudo sustentáveis e aplicáveis à nossa região.

Assim, apresento-vos hoje os caminhos que gostaria de seguir.

Em primeiro lugar a agricultura.



Como bom rapaz do campo, tenho uma ligação bastante próxima com a terra. Desde cedo fui habituado a conviver com ela e, com o tempo, mesmo esta cabeça dura foi aprendendo alguma coisa sobre como a trabalhar. Os meus pais têm os seus pedaços de terra e neles temos vindo a colher parte do nosso sustento. Lá em casa colhe-se de tudo um pouco: batatas, milho e feijão, cenoura, tomate e cebola, maçãs e morangos e até malaguetas. A lista é, felizmente, bastante extensa.

Confesso que, quando era mais jovem, o trabalho na terra suscitava-me alguma repulsa. É um trabalho sujo, cansativo e, para um teenager com sonhos de grandeza, tal coisa a que aparentemente só os "velhos" se dedicam parecia-me muito pouco "fixe". Com certeza não seria um punhado de feijão verde que me faria popular junto das miúdas lá da escola.

Felizmente com o tempo fui crescendo, mais em espírito do que em altura e, sem dar por isso, a minha visão começou a alterar-se. Nas longas temporadas em Coimbra, dominava um estilo de vida agitado, marcado por épocas de exames frustrantes em que a rotina cama-cadeira-cama e a alimentação desregulada típica destas alturas em nada contribuía para o meu bem-estar.

Foi algures por esta altura, numa daquelas manhãs de Verão em que a minha mãe me arranca da cama antes de ir trabalhar e me informa de forma imperativa que pretende ter a horta regada antes das 9 da manhã que algo mudou. A brisa matinal, a terra molhada, o sol agradável que se sabe virar abrasador umas horas mais tarde, a sensação de ver algo crescer, o ar puro e o silêncio apenas interrompido pelo chilrear dos pássaros é revigorante. Terapêutico até! Sem dar por ela, uma tarefa enfadonha passou a ser uma actividade bem-vinda.

A terapia, científica ou não, é uma das virtudes da agricultura. Mas e a nível económico? Os benefícios para a minha família são significativos. E isto é dizer pouco. Dou o exemplo de uma planta que a minha mãe tem num vaso no meio de uma série de flores. A pequena planta não destoa, apresentando durante meses uma série de diminutos frutos em tonalidades de verde, preto e violeta antes de ficarem vermelhos. Falo das malaguetas, criadas tão facilmente como qualquer planta decorativa. Uma curta pesquisa diz-me que, numa grande superfície, o seu preço ultrapassa os onze euros por kilo.

Onze euros.

Um pequeno exemplo numa lista que vai bem além do que já mencionei há pouco.

E porque falamos de virtudes, não podia deixar de mencionar que tudo isto é criado de forma completamente natural, ou seja, é agricultura biológica.

Como já devem ter deduzido, um dos caminhos que pretendo seguir é o da agricultura biológica.
É certo que tenho consciência de que a produção para consumo próprio e para comércio são coisas completamente diferentes, bem como tenho a noção de que dificilmente se cria um negócio rentável através de agricultura de minifúndio. Assim, perguntam vocês, que tenho eu de novo para oferecer?

E eu respondo-vos que tenho criatividade.

A agricultura biológica, embora altamente valorizada, não é por si só suficiente. É preciso saber o que o mercado quer e quando o quer, aproveitar os produtos da terra, sempre, mas estar aberto a novas experiências. Falo de culturas mais rentáveis, capazes de se adaptar aos solos e ao clima, produtos compostos e especializados, novas formas de agricultura: urbana, orgânica, inteligente. Tudo isto são questões por explorar e que podem servir os interesses do projecto.

Como o texto já vai longo, num futuro próximo espero falar-vos de outros dois caminhos que gostaria de seguir: o turismo e o artesanato. Dois lugares comuns, eu sei.

Mas afinal, não sou eu uma caixinha de surpresas?

Bom ano novo a todos!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

O Projecto e os seus parceiros, parte 1

Chega finalmente a hora de escrever de novo, depois de uns últimos dias cheios de actividade.

Vamos ao mais importante: a reunião com a escola finalmente aconteceu e tenho o prazer de anunciar que foi extremamente produtiva.

Na passada segunda-feira fui recebido no Agrupamento de Escolas de Penacova pela Directora Professora Ana Clara Almeida, o Sub-director Professor Sérgio Godinho e a Coordenadora do projecto ligado ao empreendedorismo, a professora Elsa Abrantes. Os três professores receberam as minhas propostas com grande entusiasmo e a reunião decorreu num clima bem disposto e amigável e com uma dinâmica deveras invejável. O professor Sérgio Godinho emprestou uma vivacidade à discussão muito positiva, que se traduziu em imensa criatividade e espírito empreendedor; a Directora da escola, embora igualmente entusiasta, defendeu sempre os interesses da escola e dos seus alunos, amarrando a discussão à terra de modo a manter as propostas dentro das limitações de tempo que a actividade escolar impõe e a professora Elsa Abrantes questionou as limitações técnicas e de logística de forma a deixar as actividades tão bem planeadas quanto possíveis.

Assim, os frutos concretos da reunião foram os seguintes: em primeiro lugar, está planeada para a primeira quinzena de Fevereiro uma actividade na escola com o propósito de dar a conhecer aos alunos uma série de cursos superiores da Universidade de Coimbra, bem como o próprio projecto "Criar Raízes". O objectivo é dar-lhes informação valiosa no que concerne às importantes decisões de futuro que terão em breve de fazer e também dar-lhes a conhecer o meu projecto.

Como já vos disse antes, estas ideias não avançarão se não conseguir mobilizar as pessoas, e a juventude é a minha prioridade neste momento.

Para levar esta actividade a cabo, vou precisar de utilizar os meus contactos junto dos diferentes Núcleos de Estudantes, aferir o seu interesse na actividade e desafiá-los a desenhar uma actividade capaz de prender a atenção dos alunos num ambiente que não será fácil. Por outro lado, vou precisar da ajuda da actual Associação de Estudantes, a única com a capacidade de mobilização que uma actividade destas requer. Estas são as minhas prioridades no que concerne à escola neste momento.

Mas muito mais resultou desta reunião. Levei comigo uma proposta apara premiar a melhor "Ideia sustentável" que os alunos consigam apresentar. Esta proposta foi previamente discutida e aceite pela autarquia, mas o Professor Sérgio Godinho propôs algumas alterações ao texto inicial que me parecem interessantes e que partilharei convosco depois de ter a aprovação da autarquia. Seja como for, esta questão já foi discutida e será realizada já este ano. Veremos se o tempo disponível nos permite mudar os seus moldes originais.

Está previsto também que sejam os alunos a desenhar o logótipo do "Criar Raízes". Com isto eu espero criar algum sentimento de pertença por parte dos alunos e divulgar o projecto.

Estas são as propostas concretas cuja realização está desde já planeada. São ideias simples e humildes, mas que espero que sejam o motor de arranque para todo o processo. 

As novidades não ficam por aqui. Para além do que já vos falei, muito mais foi discutido, essencialmente questões de estratégia e planeamento futuro. Foi bom ver algumas das minhas ideias a encontrar pontos de apoio em projectos já estruturados por parte da escola por iniciativa própria. Cabe-me a mim continuar a reinventar o Criar Raízes de forma a acrescentar valor às propostas já apresentadas.

Seja como for, a verdade é que a escola deve depositar imensa esperança em mim e no meu projecto pois só isso explica a fantástica atitude que tiveram para comigo: antevendo dificuldades no campo da logística, os professores decidiram, por iniciativa própria, atribuir-me um espaço físico na escola.

Ou seja, o Criar Raízes tem oficialmente uma casa :)

Servirá apenas para actividades relacionadas com a escola, mas é uma mais-valia de tal ordem que me é difícil transferir para palavras a gratidão que sinto.

Não me vou estender muito mais hoje, apesar de ainda ter muito para partilhar. Este texto serve acima de tudo como um agradecimento. Ao Agrupamento de Escolas e aos seus docentes que tão bem me têm recebido, mas também às pessoas que entretanto descobriram o meu projecto. A divulgação no Facebook foi um sucesso, tendo atingido cerca de 100 "likes" em apenas 24 horas. Melhor do que os "gosto" foram as muitas mensagens e demonstrações de apoio que gostaria também de agradecer, é bom ver o nosso trabalho reconhecido.

Espero agora manter-me à altura das expectativas e continuar a partilhar convosco os avanços e recuos deste projecto que tem tudo para ser um sucesso.

Até breve!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Hoje é um bom dia para se ser empreendedor!



Esta vista deslumbrante da esplanada do Instituto Universitário Justiça e Paz é o mote para o artigo de hoje.

Hoje escrevo porque aprendi algo novo, mas vamos por partes.

O projecto encontra-se praticamente no mesmo momento que há um mês atrás. Por impossibilidades várias, a reunião com a escola ainda não se deu, mas confio que haverão desenvolvimentos em breve.

Existem, no entanto, outros desenvolvimentos que podem dar toda uma nova dimensão ao projecto, alterações de fundo que podem definir um novo caminho para chegar ao mesmo destino.

Talvez seja por isso altura de vos falar do processo de criação e das transformações que entretanto foram moldando as minhas ideias, às quais hoje acrescento um novo capítulo.

O "Criar Raízes" surge verdadeiramente no âmbito da cadeira de Planeamento Regional e Urbano, leccionado pela Professora Doutora Sara Pires no curso de Administração Pública e Privada da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Não tenho duvidas quanto ao papel da Professora em todo este processo, ao transmitir-me com sucesso a sua paixão pelo desenvolvimento sustentável.

Inspirado pelos seus ensinamentos e apoiado nos meus ideais de Justiça Social (os quais bem posso agradecer ao meu paizinho e à minha mãezinha), desenhei e apresentei na autarquia uma proposta mal-amanhada de Agenda Local 21: um processo através do qual as autoridades locais trabalham em parceria com os vários sectores da comunidade na elaboração de um Plano de Acção por forma a implementar a sustentabilidade ao nível local.

A ideia não era má, mas não era passível de ser posta em prática. Simplificando, o processo exige uma equipa técnica e esta exige dinheiro. Eu pensava ter uma forma de ultrapassar isto, através de apoios ao emprego providenciados pelo Estado, planeava incorporar nessa mesma equipa técnica jovens recém-formados, criando uma Agenda Local 21 completamente endógena, mas como não exerço funções na autarquia e o processo é relativamente moroso e complexo, percebi que este não era o modelo a seguir.


Aquilo que se aproveitou foram os ideais, a filosofia e algumas das propostas concretas que deram origem ao "Criar Raízes", o projecto que vos quero dar a conhecer e que espero que possa vir a mudar muitas vidas no nosso Concelho. Agora reorganizado como um projecto pessoal que pretendo levar a cabo com o apoio da autarquia e das instituições, mas que não dependa delas quer a nível de funcionamento, quer a nível de financiamento.

Nesta fase não posso deixar de mencionar a Joana, a mulher da minha vida e um dos pilares da minha existência. Ela, mais que qualquer outra pessoa tem sido incansável no seu apoio. O entusiasmo e a felicidade pura que tenho em cada pequeno avanço é por ela espelhado e dá-me alento para prosseguir o meu sonho. Se não pensei sequer em desistir, a ela se deve.

Partilho isto convosco para vos demonstrar a importância das pessoas que me rodeiam e com quem me vou relacionando durante todo este processo. Fiel à minha filosofia, este não é um projecto completo e inerte, mas antes em constante transformação, que se alimenta do cruzamento de ideias e competências.


Foi nesse sentido que se deu uma verdadeira intervenção divina. Neste mesmo espaço de onde vos escrevo, tive ontem o enorme gosto de reencontrar o Padre Paulo Simões, actualmente Director deste instituto de onde vos escrevo. 


Para quem não sabe, o Padre Paulo é também um "produto" da nossa terra, originário de Gondelim tal como eu. Senhor de uma Gravitas muito própria, a sua amabilidade e simpatia é apenas superada pelo seu espírito de missão, bem patente em cada pequeno gesto. Isto aliado à sua juventude torna-o uma figura realmente notável.

A conversa desembocou eventualmente nos meus projectos de futuro e o "Criar Raízes" assumiu um papel central. Reconhecendo o valor social do conceito, o Padre Paulo recomendou-me falar com a Drª Cidália Pereira, Directora do IEFP de Coimbra, e em boa hora o fez.

Num misto de arrojo e sorte, consegui uma reunião. Sem dúvida intrigada com a minha menção do Padre Paulo, recebeu-me na hora e eu não perdi tempo a explanar todos os meus projectos o melhor que pude. Posso garantir-vos que foi a conversa mais produtiva que tive em meses!

Ouviu as minhas ideias, apontou fragilidades e sugeriu outros caminhos que ainda me estavam vedados. Estabeleceu comparações com dezenas de projectos que já lhe passaram pelas mãos, e com um conhecimento invejável de Penacova, das suas gentes e do melhor que o concelho tem para oferecer, propôs-me que pensasse mais além. Mostrou-me que para que haja a continuidade desejada são precisas duas coisas: criar movimento, recrutando as pessoas necessárias para o projecto engrenar, e pensar no financiamento de longo prazo, reafirmando a sua identidade mas acrescentando um substrato empresarial.

Isto é a peça que faltava no puzzle, a meu ver. Orientar o projecto para a criação de uma empresa dá-lhe um propósito e uma finalidade. Resolve o problema da continuidade e as questões de financiamento que surgiriam mais tarde ou mais cedo. Abre-se assim a possibilidade de me dedicar a  ele a tempo inteiro e ganho o poder de criar empregos, incluindo o meu próprio.


Obviamente, nem tudo são rosas. O simples facto de criar uma empresa tem vários obstáculos que vou ter de aprender a contornar. Primeiro é preciso que essa empresa seja fiel à filosofia original: que trabalhe com os recursos existentes, que seja sustentável, que crie riqueza e acrescente valor ao concelho e às suas gentes. Depois, tem de existir um objecto/produto endógeno para produção e um mercado para ele que providencie retorno suficiente não só para manter a empresa mas também para financiar as outras actividades do projecto. Será ainda importante fazer uma gestão racional dos recursos e ter sempre em vista a função social da empresa muito mais do que possíveis lucros, bem como saber separar as águas quando tal for necessário. 


Mas tudo isto são apenas suposições neste momento. A mim aguarda-me trabalho árduo naquilo que é a prossecução dos meus ideais, mas admito que a vontade de seguir em frente nunca foi tão forte como hoje!

Acompanhem-me neste processo!